Casas religiosas de Lisboa em 1551

Editada pela primeira vez em 1551, a obra posteriormente intitulada Summario em que brevemente se contem algumas cousas assim Ecllesiasticas, como Seculares que ha na Cidade de Lisboa [...] , [1] revela interessantes dados de natureza económica sobre as casas religiosas da capital portuguesa nos meados do século XVI, os quais em sintese passamos a expor.
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Mosteiros de frades […] que há em Lisboa dos muros adentro e fora deles meia légua (1551)
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Mosteiro de Nossa Senhora do Graça
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- Efectivos religiosos: 70 frades professos. Destes 20 são de missa.
- Servidores: 10 [2].
- Capelas e missas: 13 capelas, onde em 4 se efectuavam missas cantadas quotidianamente e 3 eram de administradores [3]. Nestas ministravam-se 240 000 missas cantadas e 1121 rezadas anualmente.
- Rendimentos: 2 500 cruzados.
- Confrarias: 3 confrarias com o rendimento de 350 cruzados [4].
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Mosteiro de S. Vicente de Fora
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- Efectivos religiosos: 30 frades, 5 capelães para administrar os Sacramentos.
- Servidores: 10.
- Capelas e missas: 7 capelas para rezar missa aos doadores de bens à instituição religiosa
- Rendimentos: 3 000 cruzados.
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Mosteiro de S. Domingos
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- Efectivos religiosos 100 frades, sendo alguns de outros conventos.
- Servidores: 20.
- Capelas e missas: 17 capelas com missa diária de administradores de testamentos
- Rendimentos: 5 800 cruzados.
- Confrarias: 7 confrarias com 800 cruzados de rendimento das esmolas.
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Mosteiro da Trindade
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- Efectivos religiosos: 18 frades da regra de S. Agostinho (?).
- Capelas e missas: 6 capelas onde se incluiam 4 de administradores com missa diária.
- Confrarias: 3 confrarias com 120 cruzados de rendimento das esmolas.
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Mosteiro de Nossa Senhora do Carmo
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- Efectivos religiosos: 70 frades, sendo 30 de missa.
- Servidores: 10.
- Capelas e missas: 8 capelas de administradores, todas com missas diárias (104 missas rezadas, 20 cantadas e 32 aniversários [5]).
- Rendimentos: 2000 cruzados.
- Confrarias: 6 confrarias com 500 cruzados de rendimento.
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Mosteiro de Santo Elói
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- Efectivos religiosos: 40 padres.
- Servidores: 20.
- Capelas e missas: 7 capelas de administradores, uma delas de D. Catarina, irmã do Rei D. Afonso V. Efectuavam-se muitas missas de aniversários.
- Rendimentos: 3000 cruzados.
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Mosteiro de São Francisco
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- Efectivos religiosos: 120 frades.
- Servidores: 18.
- Capelas e missas: 3 capelas de administradores e mais de 13 sepulturas de pessoas nobres. 8 missas diárias, 138 rezadas, 19 cantadas, 5 aniversários e 5 ofícios de nove lições.
- Rendimentos: todas as esmolas dadas ao convento valiam 12 800 cruzados.
- Confrarias: 5 confrarias com 550 cruzados de esmolas.
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Mosteiro de Santa Maria de Belém
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- Efectivos religiosos: 55 frades, sendo de missa 35.
- Servidores: 40 servidores de dentro e de fora.
- Capelas e missas: 5 capelas de administradores com 270 cruzados de rendimento.
- Confrarias: 2 confrarias com 50 cruzados de rendimento.
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Mosteiro de S. Domingos de Benfica
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- Efectivos religiosos: 33 frades.
- Servidores: 6
- Capelas e missas: 5 capelas de administradores com missa diária.
- Rendimentos: 2500 cruzados.
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Mosteiro de S. Bento
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- Efectivos religiosos: 37 padres da Ordem de S. João Evangelista.
- Servidores: 26.
- Capelas e missas: 4 capelas.
- Confrarias: 1 confraria com 50 cruzados de rendimento.
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S. Francisco de Xabregas
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- Efectivos religiosos: 55 frades, sendo 35 de missa.
- Servidores: 6.
- Capelas e missas: 6 capelas.
- Rendimentos: Não havia rendimentos certos, sustentavam-se de esmolas. As esmolas das missas rendiam 1000 cruzados, as esmolas dos peditórios 1500 cruzados, benesses privadas rendiam 1000, esmolas de trigo 1000 cruzados... No total, as receitas provenientes das esmolas rondavam os 4650 cruzados.
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Pelos elementos expostos, as 11 comunidades religiosas referenciadas não eram numerosas se considerarmos que a maioria eram as sedes hierárquicas das respectivas ordens religiosas em Portugal, detinham substanciais lucros, ocupavam espaçosos edifícios e prestavam serviço religioso em meio urbano demograficamente crescente, ou seja, estavam inseridas num “mercado” em ascensão. Em média tinham 57 elementos, uma média certamente superior às das restantes casas religiosas espalhadas pelo reino, com uma ou outra excepção, como é o caso do mosteiro de Alcobaça, mosteiro Santa Cruz de Coimbra, mosteiro da Batalha ou o mosteiro de Tibães.
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Notas:
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[1] Summario em que brevemente se contem algumas cousas assim Ecllesiasticas, como Seculares que ha na Cidade de Lisboa por Christovam Rodrigues de Oliveira [...] addicionado por Manuel da Conceiçam [...]. Lisboa: na Officina de Miguel Rodrigues, 1754 . Trata-se de uma obra editada primeiramente em 1551 e reeditada em 1754 com este título e alguns acrescentos.
[2] Os servidores eram pessoas leigas que trabalhavam para a comunidade religiosa.
[3] O administrador era o responsável pela aplicação dos rendimentos provenientes dos bens doados ao convento nos serviços religiosos, nomeadamente nas missas pela alma do defunto.
[4] As confrarias, instituições de assistência social que se sustentavam com as contribuições dos confrades, reuniam-se frequentemente nas igrejas dos conventos.
[5] Missa de aniversário da morte

1 comentário:

Anónimo disse...

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