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A guarnição das Linhas de Torres Vedras

Durante a 3ª Invasão Francesa (1810-1811), mais concretamente entre Outubro de 1810 e Março de 1811,  o território de Torres Vedras foi ocupado por vários regimentos de milícias para guarneceram as posições fortificadas das Linhas de Torres Vedras. À data da sua chegada existiam 12 fortes construídos  no concelho de Torres Vedras (Forte de Olheiros, Forte de S. Vicente, Forte da Forca, Forte da Ordasqueira, Castelo, reduto de S. João, Forte do Grilo, Forte da Alquiteira, Forte de S. Pedro da Cadeira, Forte do Paço, Forte das Gentias e a bateria  da foz do Sizandro), guarnecidos pelos Regimentos de Milícias de Alcácer do Sal, Regimento de Milícias de Setúbal,  Regimento de Milícias de Voluntários a Pé de Lisboa Ocidental , Regimento de Milícias de Voluntários a Pé de Lisboa Oriental e uma companhia do Regimento de Milícias de Torres Vedras (as restantes companhias deste regimento guarneciam outras posições das Linhas de Torres Vedras).


Sobre a localização exacta destes regimentos ao longo das doze posições, apenas se sabe que o Regimento de Milícias de Voluntários Reais a Pé de Lisboa Ocidental  guarneceu o forte de S. Vicente. Este regimento, organizado por voluntários de Lisboa em 1809, era comandado pelo coronel José Sebastião Pereira Coutinho e composto por 969 elementos, sendo 661 praças. Por uma carta do comandante do regimento de 24 de Outubro de 1810, verifica-se que este corpo militar estava muito mal armado, na medida em que se pediu 720 armas ao Secretário da Guerra para substituir as existentes, muito danificadas e incapazes para o serviço militar. Nos meses de Outubro e Novembro os soldados voluntários permaneceram acampados no interior do forte, mas a partir de Dezembro até 22 de Março passaram a ficar aquartelados nas casas da então vila de Torres Vedras e sítio do Paúl, nas proximidades do forte.


Para além dos regimentos de milícias, a guarnição dos fortes compunha-se por artilheiros. Os artilheiros tinham duas origens distintas: uns eram artilheiros de linha, ou seja, provenientes das forças regulares, nomeadamente do Regimento de Artilharia n.º 1 e Regimento de Artilharia n.º 2. Com a função de os auxiliar nas manobras e operações da artilharia, o Comandante em Chefe do Exército Português, general Beresford ordenou a criação dos artilheiros ordenanças, compostos por elementos retirados das ordenanças existentes em cada capitania mór. Recebiam treino e formação dos artilheiros de linha  para o apoio nas operações das peças de fogo. Os artilheiros ordenanças (ou milicianos) estavam organizados em 24 companhias que cobriam as duas linhas de defesa. Cada companhia era formada por 1 capitão, 1 alferes, 2 sargentos, 4 cabos e 50 soldados que recebiam por dia 1 pão e 40 réis de soldo. No distrito de Torres Vedras existiam 10 companhias, comandadas a partir de 10 de Setembro de 1810 pelo major de engenharia Lourenço Homem da Cunha de Eça. Após a fim da Guerra Peninsular e o subsequente desartilhamento das Linhas de Torres Vedras a partir de 1818, as companhias de artilheiros ordenanças continuaram a existir com a função de vigilância e conservação das posições fortificadas até ao período das Guerras Liberais (1832-1834).




Fontes:


Arquivo Histórico Militar (AHM)


AHM- DIV-1-14-156-19
AHM-DIV-1-14-354-03
AHM-DIV-1-14-096-025
AHM-DIV-1-14-097-02
AHM-DIV-1-14-096-095 

(Este post foi inicialmente publicado do blogue Vedrografias com o título Os Homens das posições fortificadas de Torres Vedras)

Forte de S. Vicente - o moinho do reduto 22

As Linhas de Torres Vedras são um conjunto de 152 pontos fortificados ao longo de duas linhas imaginárias paralelas entre o rio Tejo e o oceano Atlântico. Estes pontos fortificados, designados por fortes, estavam equipados com artilharia que cobria a área envolvente em algumas centenas de metros, tendo por função barrar o avanço do exército francês até Lisboa. Por isso as maiores obras defensivas situavam-se nos pontos elevados que cobriam as principais vias de acesso a Lisboa.


Torres Vedras era na altura um importante nó viário de acesso a Lisboa. Para a proteger construíram-se vários redutos no topo dos montes circundantes. No monte de S. Vicente, a norte da vila, a junção dos redutos n.º 20, 21 e 22 formaram o forte de S. Vicente, um dos maiores e principais fortes das Linhas de Torres Vedras, com capacidade para 26 bocas de fogo e para uma guarnição de 1720 soldados. O monte de S. Vicente já estava ocupado antes da chegada dos engenheiros militares, conforme atestam a pequena ermida medieval de S. Vicente, integrada e os três moinhos de vento.


O moinho integrado no reduto n.º 22 (reduto poente) era um prazo foreiro da câmara municipal de Torres Vedras, ou seja, era um bem (prazo) que pagava uma taxa anual (foro) à câmara. Pela consulta dos livros dos foros do concelho é possível afirmar que este moinho já existia desde 1754, pertencendo desde essa data até 1821 a dois moleiros, nomeadamente a José da Silva (filho do ferro velho e por isso também chamado de José da Silva Ferro Velho) e a seu filho Sebastião Isidoro que o adquiriu em 1800. Pagava anualmente o foro de 150 reis até 1821, ano em que por ordem do Juiz de fora ficou isento desse pagamento por estar dentro do forte de S. Vicente. Aí, tal como os outros, foi transformado em paiol.



Moínho situado no reduto 22 do forte de S. Vicente já existia pelo menos desde 1754 e em 1810 foi transformado em paiol.


O moleiro Sebastião Isidoro também possuía uma pequena casa (avaliada em 60 reis) usada em 1810 como armazém de ferramentas do reduto n.º 22 pelo tenente engenheiro inglês Rild. Sondagens arqueológicas realizadas recentemente na casa do guarda do forte expuseram paredes pré existentes à construção da casa. Serão as paredes da dita pequena casa do moleiro Sebastião Isidoro?



Vestígios da casa do moleiro Sebastião Isidoro que em 1810 foi convertida em armazém de ferramentas?


Fontes:

Arquivo Municipal de Torres Vedras (AMTV) – Livro n.º 8 dos foros do concelho (1750)

AMTV – Caixa dos Foros das Vintenas (1737 – 1810): vintena de Torres Vedras (anos 1782; 1789/90; 1799; 1802)

AMTV – Caixa dos Foros das Vintenas (1809 – 1830): vintena de Torres Vedras (anos 1809, 1821)

AMTV – Livro de receita dos laudémios n.º 2 (1785 – 1816)

Arquivo Histórico Militar: AHM – DIV 1-16-04-6-22_m34 (acessível on-line)

Arquivo Histórico Militar: AHM – DIV 1-16-04-6-22_m35 (acessível on-line)

Os artilheiros ordenanças das Linhas de Torres Vedras

Os artilheiros ordenanças (ou artilheiros milicianos), criados em 1810 pelo general em chefe do exército português, o marechal Beresford, tinham por missão a guarnição dos pontos fortificados da 1ª e 2.ª Linha de Defesa de Lisboa ou Linhas de Torres Vedras. Para tal estavam organizados em 24 companhias ao longo dos seis distritos militares das linhas de defesa.
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O comando, organização, instrução e disciplina dos artilheiros ordenanças foi entregue a 12 de Setembro de 18101 a Lourenço Homem da Cunha de Eça, major engenheiro do Real Corpo de Engenheiros do Exército Português e professor na Academia Real de Fortificação, Artilharia e Desenho, que inicialmente apenas ficou responsável pelas 10 companhias de Torres Vedras. A partir de 14 de Fevereiro de 18132 assume o comando geral das 24 companhias que guarneciam as linhas de defesa, sendo que 14 companhias guarneciam a 1.ª linha e 10 guarneciam a 2.ª linha. Na 1.ª linha (entre Alhandra e a foz do rio Sizandro) as companhias distribuíam-se do seguinte modo: 10 companhias no distrito militar de Torres Vedras, 2 no do Sobral, 1 no de Arruda dos Vinhos e 1 no de Alhandra. Ao longo da 2.ª linha (entre Alverca e a foz do rio Sarafujo) as restantes companhias situavam-se no distrito militar de Loures (6 companhias) e de Mafra (4 companhias).

Os artilheiros ordenanças fardaram-se, armaram-se e municiaram-se com os seus próprios meios, ficando alguns deles sem as suas casas aquando da invasão do exército de Massena. Pelo seu esforço e dedicação à defesa nas linhas receberam públicos elogios de Wellington.3

Por ocasião de um conflito com o juiz de fora do concelho de Torres Vedras, Lourenço H. da Cunha de Eça solicita a D. Miguel Pereira Forjaz, secretário de estado da guerra, que defina o estatuto dos homens sob o seu comando, visto o juiz de fora reclamar poderes sobre os mesmos, com o argumento de que os artilheiros ordenanças eram civis e não militares, logo sujeitos à autoridade civil.4

Após o desartilhamento das linhas, verificado possivelmente em 18175 , os artilheiros ordenanças assumiram um papel de policiamento das linhas, verificando o estado de conservação dos pontos fortificados, das estradas militares, e os usos abusivos das populações locais, chegando até a possuir autoridade para multar os donos e guardadores de gado que pastassem dentro das fortificações.6

Por decreto de 6 de Março de 1826, Lourenço H. da Cunha de Eça reúne, talvez pela última vez, as 24 companhias dos artilheiros ordenanças para vigiarem o estado de conservação das linhas e procederam a obras de reparação nas áreas onde fosse necessário.7. 

 
Notas:
 
1 AHM/DIV/1/14/097/02
2 AHM/DIV/1/14/098/09
3 AHM/DIV/1/14/292/08 (imagem 7)
4 AHM/DIV/1/14/292/08 (imagem 8)
5 AHM/DIV/1/16/051/118
6 AHM/DIV/1/18/016/55 (imagem 9)
7 AHM/DIV/1/18/016/55 (imagem 9)

Posições militares nas Linhas de Torres

Após a batalha do Bussaco (27 de Setembro de 1810) as forças anglo-lusas retiraram em direcção às Linhas de Torres Vedras. Em Leiria (3 de Outubro), concentrou-se o grosso do exército com as guardas avançadas em Pombal. A vanguarda do exército de Massena, comandada por Montbrum combateu a guarda avançada aliada (5/6 de Out.) que retirou em boa ordem para Leiria, juntando-se ao grosso do exército, tendo no dia seguinte (6 de Out.) retirado para a Batalha. Aqui dividiu-se o exército anglo-luso em duas colunas: uma constituída pela divisão do general Thomas Picton, que avançou em direcção a Torres Vedras, e a outra entrando nas Linhas de Torres em Vialonga. (8 de Out.). A divisão do general Hill seguiu de Tomar para Santarém e daí para Vila Franca, entrando mas Linhas de Torres Vedras em Alhandra (8 de Out.).
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O 2.º corpo do exército francês estabeleceu-se no Carregado, levando as suas guardas avançadas até ao Tejo (11 Out.). Massena fixa o seu Quartel- General em Alenquer e o 6.º corpo foi-se estabelecer no Monte Cubo, excepto a 2.ª divisão que ficou na Ota.
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Do outro lado das Linhas de Torres as forças aliadas disponham-se na seguinte ordem: A direita do exército anglo-luso estava em Alhandra, onde Hill tinha o seu Quartel-General; o centro à rectaguarda do Sobral, em Pêro Negro, onde Welligton tinha o seu Quartel-General. Beresford tinha o seu Quartel-General no forte de Alqueidão, e por fim a esquerda estava em Torres Vedras, onde Picton fixou o seu Quartel-General. A guarda avançada comandada por Leith posicionou-se em Runa e Ribaldeira, onde à vista do exército francês estava a Leal Legião Lusitana.
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General Sir Thomas Picton (1758 - 1815), comandante das forças inglesas aquarteladas em Torres Vedras durante a ofensiva do exécito francês às Linhas de Torres. Veio a falecer na Batalha de Waterloo. (Fonte da imagem: http://en.wikipedia.org/wiki/Thomas_Picton ).
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Massena por fim, falto de recursos, recua para a linha Rio Maior – Santarém (14 Nov.) e o exército aliado sai das Linhas posicionando-se no Cartaxo e Alenquer, ficando Picton em Torres Vedras. Beresford atravessa o Tejo e fixa-se na Chamusca.

Linhas de Torres em percurso pedestre

A editora Afrontamento publicou em 2004 um roteiro de passeios pedestres (Portugal passo-a-passo), da autoria de Abel Melo e Sousa e de Rui Cardoso, sugerindo 20 passeios em várias regiões do país de norte a sul. Um dos passeios propostos é às Linhas de Torres.
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O percurso tem uma extensão de 11 km, iniciando-se em Bonabal, precisamente com a visita ao Forte de Bonabal (n.º 142) e terminando na Foz do Sizandro (Praia Azul), na zona onde estaria um bateria formada com duas peças de artilharia (posição n.º 113). Tem no total 9 pontos de visita, a saber:
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1 - Forte de Bonabal; 2 - Forte da Galpeira; 3 - Forte do Mougueles; 4 - Forte do Formigal; 5 - Forte de Belmonte; 6 - Forte do Paço; 7 - Forte de Bececarias; 8 - Forte de Gentias; 9 - Bateria da Foz do Sizandro
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O roteiro pretende associar aos locais de interesse histórico, ou seja, aos fortes, uma componente panorâmica sobre o vale do Sizandro.

Liga de Amigos das Linhas de Torres. Faz sentido?

O post de hoje é diferente.
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Lança-se uma questão para debate. Debater um património específico da região. Um património que se pretende divulgar, como é bem notório pela Comemoração dos 200 Anos das Linhas de Torres organizada pela Câmara Municipal de Torres Vedras, ou pela concepção da Rota Histórica das Linhas de Torres da responsabilidade da Plataforma Intermunicipal das Linhas de Torres (PILT).
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Assim, e considerando que as Linhas de Torres constituem um património grande valor histórico, com características únicas no país;
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considerando que o valor cultural das Linhas de Torres pode e deve ser convertido em produto turístico
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considerando que esse património está sujeito, como qualquer património edificado, a necessidades de restauro e conservação;
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considerando que o estado de conhecimento da população em geral sobre o valor cultural das Linhas de Torres ainda é muito difuso;
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considerando que é intenção da Administração Local que a Sociedade Civil se mobilize e atue no esforço de valorização, divulgação e conservação das Linhas de Torres ,
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será pertinente a criação de uma entidade, a qual se poderia designar Liga dos Amigos das Linhas de Torres, cuja missão seria contribuir para a conservação, valorização e divulgação das Linhas de Torres Vedras?

Linhas de Torres: Forte de Bessecarias

Na sequência do último post sobre as Linhas de Torres Vedras, publica-se as imagens sobre o estado atual do Forte de Bessecarias (S. Pedro da Cadeira).
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O Forte de Bessecarias (n.º 146) era constítuido por 12 canhoneiras e estava artilhado com 4 bocas de fogo de calibre 9, localizando-se sobre uma pequena elevação no lado sul do vale do Sizandro.
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Vista do interior do forte de Bessecarias. A densa vegetação impede a compreensão do espaço interior do forte. Ao fundo, no lado sul, abarracamentos de uma exploração de gado danificam e ocultam a estrutura do forte (foto do autor).
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Escarpa do lado poente do forte de Bessecarias. A escarpa está muito irregular, bastante erudida pela acção dos elementos naturais e por servir de caminho de cabras da exploração de gado anexa (foto do autor).
Panorâmica sobre o vale do Sizandro a partir do forte de Bessecarias (foto do autor).
A memória e existência do forte tem impactos na micro-toponímia da aldeia de Bessecarias. Na imagem, o nome da rua que conduz ao forte (foto do autor).

Nota: as fotos foram tiradas em 29 de Agosto de 2009.

Linhas de Torres: Forte Novo da Ordasqueira

Durante a Guerra Peninsular (1807 -1814) o general inglês Wellington idealizou um sistema defensivo que fosse capaz de proteger a cidade de Lisboa e uma eventual retirada inglesa de um provável ataque massivo do exército francês. A contrução do sistema defensivo, que passou para a História com o nome Linhas de Torres Vedras, ficou a cargo do engenheiro militar inglês tenente-coronel John Fletcher. No final da obra as Linhas de Torres Vedras contavam com 152 redutos, 600 peças de artilharia que ligavam o Atlântico ao Tejo em duas linhas e uma terceira linha em torno de Oeiras para proteger o embarque das tropas inglesas na armada aí fundeada.
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A acção das Linhas de Torres Vedras foi um ponto crucial no evoluir da Guerra Peninsular. Perante a impossibilidade de as romper ou contornar, Massena, general francês encarregado de conquistar Portugal dá início a uma retirada das tropas napoleónicas que, em última análise, só termina em Toulouse, já no fim do conflito. As Linhas de Torres Vedras representam igualmente uma obra ímpar do ponto de vista da engenharia militar, onde a orografia do terreno foi plenamente aproveitada, articulando-se com obstáculos (abatizes, escarpas, diques, etc...) e pontos fortificados artilhados para impedir o avanço das forças inimigas.
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Actualmente a maioria dos fortes que constituem as Linhas de Torres Vedras estão abandonados, sujeitos à degradação provocada pelos elementos e sobretudo pela incúria dos homens. No presente post publicam-se fotos recentes (29/08/2009) do Forte Novo da Ordasqueira (Forte 149, 3 º Distrito - Torres Vedras) onde é facilmente constatável o seu estado de abandono e as consequências daí advindas para um património de alto valor histórico e simbólico.
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Forte Novo da Ordasqueira - fosso junto à entrada, lado sul. Actualmente o fosso serve como depósito de lixo (foto do autor).

Forte Novo da Ordasqueira - parte da contra escarpa do fosso do lado norte. Ao fundo os arbustos cobrem totalmente o fosso, impedindo a sua visualização (foto do autor).

Forte Novo da Ordasqueira - vista a partir do lado nascente. A densa vegetação que cobre a estrutura dificulta a sua identificação e interpretação. À esquerda, um troço da estrada militar dá acesso à entrada do forte no lado sul. O forte Novo da Ordasqueira possuia quinze canhoneiras equipadas com 4 canhões de calibre 9 e tinha como guarnição uma companhia de Artilheiros Ordenanças (foto do autor).

Impactos locais da construção das Linhas de Torres

A construção das Linhas de Torres Vedras provocou impactos vários sobre os habitantes locais, nomeadamente pela requisição de recursos materiais (madeiras, terras), e pela demolição e ocupação de casas. Em 1815 foi feito um levantamento e avaliação de todos os prejuízos causados pela construção das Linhas de Torres Vedras. No distrito de Torres Vedras (Runa - Foz do Sizandro) foram identificados os seguintes "prejuízos" entre 1810 e 1813, a maioria deles efectuados sob as ordens dos engenheiros militares ingleses:
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Corte de àrvores:
  • 2846 pinheiros
  • 4 pinhais (sem número de àrvores abatidas definido)
  • "Alguns" pinheiros de um pinhal junto a Torres Vedras
  • 72 pés de oliveira

Remoção de terras:

  • 1904 varas de comprido e 606 de largura de terra para cultivo
  • "Uma terra que leva de semeadura 4 algueires."

Demolição e ocupação de casas:

  • 1 casal demolido, do qual foram transportadas 200 carradas de pedra
  • "Umas casas e palheiros" demolidos para ser ocupado o terreno com a construção do Forte de S. Vicente
  • Uma pequena casa ocupada para servir de armazém de ferramentas ao reduto n.º 22

No documento de levantamento e avaliação dos prejuízos [cota: Arquivo Histórico Militar-DIV-1-16-046-22 digitalizado e acessível em http://infogestnet.dyndns.info/infogestnet2007/ (imagens 27 a 37)] estão registados o nomes dos 26 proprietários expropriados, o fim para que foram usados os bens expropriados e o valor da avaliação dos mesmos, num total de 2252.600 reis.