Sobre a localização exacta destes regimentos ao longo das doze posições, apenas se sabe que o Regimento de Milícias de Voluntários Reais a Pé de Lisboa Ocidental guarneceu o forte de S. Vicente. Este regimento, organizado por voluntários de Lisboa em 1809, era comandado pelo coronel José Sebastião Pereira Coutinho e composto por 969 elementos, sendo 661 praças. Por uma carta do comandante do regimento de 24 de Outubro de 1810, verifica-se que este corpo militar estava muito mal armado, na medida em que se pediu 720 armas ao Secretário da Guerra para substituir as existentes, muito danificadas e incapazes para o serviço militar. Nos meses de Outubro e Novembro os soldados voluntários permaneceram acampados no interior do forte, mas a partir de Dezembro até 22 de Março passaram a ficar aquartelados nas casas da então vila de Torres Vedras e sítio do Paúl, nas proximidades do forte.
Para além dos regimentos de milícias, a guarnição dos fortes compunha-se por artilheiros. Os artilheiros tinham duas origens distintas: uns eram artilheiros de linha, ou seja, provenientes das forças regulares, nomeadamente do Regimento de Artilharia n.º 1 e Regimento de Artilharia n.º 2. Com a função de os auxiliar nas manobras e operações da artilharia, o Comandante em Chefe do Exército Português, general Beresford ordenou a criação dos artilheiros ordenanças, compostos por elementos retirados das ordenanças existentes em cada capitania mór. Recebiam treino e formação dos artilheiros de linha para o apoio nas operações das peças de fogo. Os artilheiros ordenanças (ou milicianos) estavam organizados em 24 companhias que cobriam as duas linhas de defesa. Cada companhia era formada por 1 capitão, 1 alferes, 2 sargentos, 4 cabos e 50 soldados que recebiam por dia 1 pão e 40 réis de soldo. No distrito de Torres Vedras existiam 10 companhias, comandadas a partir de 10 de Setembro de 1810 pelo major de engenharia Lourenço Homem da Cunha de Eça. Após a fim da Guerra Peninsular e o subsequente desartilhamento das Linhas de Torres Vedras a partir de 1818, as companhias de artilheiros ordenanças continuaram a existir com a função de vigilância e conservação das posições fortificadas até ao período das Guerras Liberais (1832-1834).
Fontes:
Arquivo Histórico Militar (AHM)
AHM- DIV-1-14-156-19
AHM-DIV-1-14-354-03
AHM-DIV-1-14-096-025
AHM-DIV-1-14-097-02
AHM-DIV-1-14-096-095
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(Este post foi inicialmente publicado do blogue Vedrografias com o título Os Homens das posições fortificadas de Torres Vedras)