O padre Cristóvão Ferreira (1579 - 1652), natural do lugar de Zibreira, concelho de Torres Vedras, iniciou em 1596 o seu noviçiado na Companhia de Jesus em Coimbra. Requerendo a missão de evangelização do Oriente parte em 1600 para Goa juntamente com 19 companheiros. Anos depois, em 1609, transfere-se para o Japão, onde se torna o Superior dos jesuítas na região.
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Quando estava a desempenhar funções de 23.º Vice-Rei da Índia (1629 - 1635), D. Miguel de Noronha, 3.º Conde de Linhares, recebeu em Goa uma lista com os nomes dos mártires do Japão falecidos no decurso da perseguição instaurada pelas autoridades japoneses em 1633. Tinham sido mortos 31 religiosos, a maioria jesuítas, 6 dominicanos e 2 agostinhos. Dos jesuítas, 11 eram padres, 10 catequistas e 1 seminarista. Havia entre estes alguns religiosos nativos, japoneses. Quase todos tinham padecido o martírio por tortura. Nagasáqui foi o principal local do martírio.
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Na lista constava o nome do padre Cristóvão Ferreira, Provincial da Companhia de Jesus no Japão, governador do bispado. D. Miguel de Noronha transcreveu a lista para o seu diário, que na parte respeitante ao padre Cristóvão Ferreira reza o seguinte: « O Padre Christovão Ferreira, portugues natural de Torres Vedras, Provincial da Companhia de Jesus em Japão e governador do bispado o qual passou a Japão o anno 1609. E todos estes vinte e quatro annos trabalhou e padeçeo grandissimas persseguições em diversos reinos com grandissimo fruito das almas até ser prezo em 3 de Agosto deste prezente ano [1633], em 15 de Outubro foi dependurado cõ os mais religiozos. E esteve no tormento çinco oras, e depois o tirarão para o atromentarem de novo, e descobrir os demais padres por elle ser superior. E este era o termo de seu martirio; quando os portuguezes partirão de Nangassaqui. E ja alguns dizião que ao despregar as vellas o tornarão ao tormento.» (NORONHA, 1937, p. 100).
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Mas segundo Barbosa Machado, o padre Cristóvão Ferreira não chegou a morrer na grande perseguição de 1633 porque no momento da tortura renegou a actividade de missionário cristão, sendo poupado com vida pelas autoridades nipónicas. No entanto, talvez por remorsos de consciência, retomou a acção missionária em consequência da qual sofreu de novo a perseguição, desta vez culminando com o martírio em 1652, aos 74 anos.
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O padre Cristóvão Ferreira escreveu o relato da perseguição sofrida pela Companhia de Jesus nos diversos reinos do arquipélago nipónico, documento posteriormente editado em italiano sob o título Relatione delle persecutioni mosse contro la fede di Christo in varij regni del Giappone ne gl'anni 1628. 1629. e 1630. Al molto reu.do in Christo P. Mutio Vitelleschi preposito generale della Compagnia di Giesu (In Roma : appresso Francesco Corbelletti, 1635).
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Bibliografia:
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MACHADO, Barbosa - Bibliotheca Lusitana [cd-room], Lisboa: Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses, s.d., (série Ophir, 2)
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NORONHA, D. Miguel de (1937) - Diário do 3.º Conde de Linhares, Vice-Rei da Índia, Lisboa: Biblioteca Nacional
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Para saber mais sobre o Padre Cristóvão Ferreira:
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