Movimentos culturais em Torres Vedras

No âmbito do 2.º Encontro de Escritores, evento organizado pela associação Académico de Torres Vedras e produzido pela livraria Livrododia, realizou-se em Torres Vedras na noite de 24 Outubro a palestra entitulada "Movimentos Culturais em Torres Vedras". Para o efeito foram convidados dois historiadores locais, a Dr.ª Célia Reis e o Dr. Venerando Aspra de Matos, a fim falarem sobre a cultura torriense nos últimos 120 anos.
2.º Encontro de Escritores onde na sessão I (24/Out.) foi debatida a cultura local nos últimos 120 anos com a palestra "Movimentos Culturais em Torres Vedras".
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Pelas comunicações apresentadas percebeu-se como o desenvolvimento cultural em Torres Vedras estava muito influenciado pela relação de proximidade geográfica a Lisboa, situação proporcionadora da rápida reprodução de vivências e práticas culturais vindas de Lisboa, trazidas pela "elite" local ou pelos próprios agentes culturais da capital (por exemplo as companhias de teatro lisboetas que actuaram em Torres Vedras). A facilidade de trânsito de e para Lisboa aumentou exponencialmente com o advento da ferrovia (1887), reduzindo o tempo de viagem de 1 dia (7/8 horas) para 2/3 horas. Por outro lado, o projecto hoteleiro de exploração das termas dos Cucos (1892) criou a necessidade de se formar na vila uma cultura característicamente urbana e burguesa para recreação dos turistas termalistas.
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Um outro dado expresso foi o facto de em Torres Vedras ter-se sempre acompanhado com alguma actualidade todos os fenómenos culturais portugueses a partir das últimas décadas do século XIX, desde o jornalismo até às rádios locais, destacando-se sobretudo o cinema e a fotografia.
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Na sequência do debate, o Dr. Andrade Santos, sociólogo, esclareceu que em rigor conceptual registraram-se em Torres Vedras três movimentos culturais: o Cine-Clube de Torres Vedras (1956 - 19--), com uma assinalável acção na divulgação de conteúdos contra ou extra regime autoritário; a questão "Quem tem medo da palavra cultura?", consistindo numa série de artigos do jornal Badaladas redigidos em 1969 que ao criticar o estado da cultura local originou reacções das autoridades locais; e por fim o ciclo de debates "Falar Alto" em 1989/90.

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