Doença e morte em Torres Vedras na 3.ª invasão francesa

Após a batalha do Bussaco (27 de Setembro de 1810) as populações residentes na faixa litoral entre Coimbra e as Linhas de Torres Vedras deslocaram-se para trás das Linhas de Torres Vedras. Este fluxo de refugiados não só era provocado pelo medo, mas também como estratégia de terra queimada montada por Wellington, consistindo em retirar qualquer recurso alimentar ao exército francês ao longo da sua marcha.
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Neste contexto Torres Vedras recebeu milhares de refugiados. Em pouco tempo o grande número de refugiados provocou problemas de saúde na vila, nomeadamente um surto de peste. No documento abaixo transcrito (Arquivo Histórico Militar DIV-1-14-173-48_m0001) é perceptível a preocupação das autoridades militares em relação à falta de médicos em Torres Vedras para a assistência aos refugiados. Escreve José Lourenço Peres, Capitão Mór de Torres Vedras a D. Miguel Pereira Forjaz, Ministro da Guerra e membro do Conselho de Regência do Reino o seguinte:
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«[...] Igualmente venho na presença de V. Ex.ª que con- / tinuando as molestias epidemicas neste districto vão / morrendo muitos não só dos expatriados como dos / proprios moradores, e isto em consequencia dos cirur- / gioens serem poucos, e as molestias precizarem de se- / rem tratadas por Medicos os quaes hinda não tem / comparecido neste districto, e que ponho ne presença / de V. Ex.ª para determinar o que for servido.
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Deos guarde a V. Ex.ª Q.el de Torres Vedras 4 de / Abril de 1811
Ill.mo e Ex.mo Snr.º D. Miguel Pereira Forjão
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José Lourenço Peres
Capp.ão Mor de Torres Vedras»

1 comentário:

lena b disse...

É interessante a aplicação do termo "expatriados" ao que hoje designamos por deslocados (porque a deslocação deu-se dentro das fronteiras do país - não para fora). Nota-se bem a evolução do conceito...